sábado

Todos temos grandes pretensões à força de espírito

"Carlos de Vandenesse tinha pouco a lamentar, porém, em deixar Paris. As mulheres não produziam mais nenhuma impressão sobre ele, seja porque considerasse uma paixão verdadeira como algo absorvente demais na vida de um homem político, seja porque as mesquinhas ocupações de uma galanteria superficial parecessem-lhe demasiado vazias para uma alma forte. Todos temos grandes pretensões à força de espírito. Na França, nenhum homem, por medíocre que seja, admite ser tido simplesmente por espirituoso. Assim, Carlos, embora jovem (tinha apenas trinta anos), já havia filosoficamente se acostumado a ver ideias, resultados, meios, lá onde os homens de sua idade percebem sentimentos, prazeres e ilusões. Recalcava o calor e a exaltação natural dos jovens nas profundezas de sua alma que a natureza criara generosa. Procurava ser frio, calculista, empregar em boas maneiras, em formas amáveis, em artifícios de sedução, as riquezas morais que o acaso lhe dera; verdadeira tarefa de ambicioso; papel triste, empreendido com o objectivo de atingir o que hoje chamamos uma bela posição."


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